" Na natureza, nada se cria nada se perde, tudo se transforma." Lavoisier



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Adaptaçoes para a consevação de água

RELAÇÕES HÍDRICAS EM ANFÍBIOS
De acordo com Leonardo Francisco Stahnke, 2006.
Os  anfíbios  possuem  uma  pele  glandular  desprovida  de  escamas  externas  e altamente permeável à água. Tanto a permeabilidade como o caráter glandular da pele
tiveram  uma  importância  fundamental  na  modelagem  da  ecologia  e  da  evolução  dos anfíbios.  As  glândulas  mucosas  estão  distribuídas  por  toda  a  superfície  do  corpo  e
secretam compostos mucopolissacarídicos, que mantém a pele úmida e permeável. Para um anfíbio, uma pele seca significa redução da permeabilidade à água e aos gases, o que reduz,  por  conseqüência,  a  entrada  de  oxigênio  e  a  capacidade  do  animal  utilizar  o resfriamento  por  evaporação  para  manter  sua  temperatura  corporal  dentro  dos  limites estáveis. A  interferência experimental da secreção das glândulas mucosas pode  levar a
um  superaquecimento  letal  em  anuros  que  desenvolvem atividades  normais  de aquecimento ao sol.
Em sistemas biológicos, a permeabilidade à água é inseparável da permeabilidade aos gases, e os anfíbios dependem da respiração cutânea como uma parcela significativa de suas  trocas gasosas. Embora a pele permita o movimento passivo de água e gases,
controla  o  movimento  de  outros  compostos.  O  sódio  é transportado  ativamente  da superfície externa para a  interna e a uréia é  retida pela pele. Essas características são importantes na regulação da concentração osmótica e na  facilitação da entrada de água em espécies terrestres.
A  pressão  osmótica  interna  dos  anfíbios  é  de aproximadamente  dois  terços  do valor característico da maioria dos outros vertebrados. A causa primária da diluição dos luidos  corporais  dos  anfíbios  é  um  baixo  conteúdo  de  sódio  (aproximadamente  100
miliequivalentes contra 150 miliequivalentes em outros vertebrados). Os anfíbios podem olerar o dobro da concentração normal de sódio, enquanto que um aumento de 150 para 170 miliequivalentes representa o máximo tolerado por humanos.
Um animal úmido, dotado de uma pele permeável, tende a não ser bem sucedido em um hábitat árido, porém estes animais  foram,  com  certeza, os mais bem  sucedidos invasores  desse  tipo  de  ambiente.  Todos  os  desertos,  exceto  os  mais  severos, apresentam  populações  substanciais  de  anuros  e,  em  diferentes  partes  do  mundo, diferentes  famílias  convergiram  em  direção  a  especializações  similares.  Uma  delas  é evitar  as  condições  danosas  da  superfície  do  solo  abrigando-se  em  locais  úmidos,
algumas  vezes  situados  a mais  de  um metro  sob  o  solo,  emergindo  apenas  durante  a estação chuvosa para alimentar-se e reproduzir-se.
  Muitas espécies de anuros arborícolas possuem a pele menos permeável à água do  que  as  espécies  terrestres,  e  uma  especialização  notável  é  vista  em  algumas pererecas, como Chiromantis xerampelina (África) e Phyllomedusa sauvagei (América do Sul).  Estas  espécies  perdem  água  através  da  pele  a  uma  taxa  de  apenas  um  décimo daquela  da  maioria  dos  anuros  devido  às  suas  modificações  comportamentais.  Foi
demonstrado  que  Phyllomedusa  atinge  essa  baixa  taxa  de  perda  d’água  utilizando  as para  espalhar  a  secreção  lipídica  das  glândulas  dérmicas  sobre  a  superfície  do corpo em um seqüência complexa de movimentos de  limpeza. Essas duas espécies são incomuns  também devido ao  fato de excretarem resíduos nitrogenados na  forma de sais de ácido úrico e não uréia, o que lhes proporciona maior conservação hídrica. 



  CONTROLE DA PERDA DE ÁGUA POR EVAPORAÇÃO:
Para os animais dotados de pele  tão permeável  como a maioria dos anfíbios, a principal  diferença  entre  florestas  pluviais  e  desertos  pode  ser  o  quão  freqüentemente eles  se  deparam  com  a  escassez  de  água.  O  coquí  de  Porto  Rico  vive  em  florestas
tropicais úmidas; entretanto, apresenta comportamentos elaborados que reduzem a perda de  água  por  evaporação  durante  seu  período  de  atividade  (Pough  et  al.  1983).  No
crepúsculo, os machos emergem de seus abrigos diurnos e movem se 1 ou 2 metros até os sítios de vocalização sobre as folhas da vegetação do sub-bosque, permanecendo ali até pouco antes do amanhecer, quando retornam aos abrigos. As atividades dos animais variam de noite para noite, dependendo de ter chovido durante à tarde, ou não. Em noites seguidas  de  tempestades,  quando  a  floresta  acha-se molhada,  os  coquís  começam  a
vocalizar  logo após o pôr-do-sol e continuam até perto da meia-noite, quando  tornam-se silenciosos  por  várias  horas,  recomeçando  a  vocalização  pouco  antes  do  amanhecer.
Quando estão  vocalizando, os  coquís estendem as patas e elevam-se da  superfície da folha, expondo toda a superfície de seu corpo. Nessa posição, perdem grande quantidade de água por evaporação.
  Em noites  secas, entretanto, o  comportamento dos  coquís é muito diferente. Os machos  deslocam-se  de  seus  locais  de  abrigo  para  as  estações  de  vocalização, mas cantam apenas exporadicamente. Na maior parte do  tempo,  repousam em uma postura de conservação de água, na qual o corpo e o mento são comprimidos contra a superfície da folha e as patas são pressionadas contra o corpo. Um anuro nessa postura expõe ao
ar apenas a metade de sua superfície corporal,  reduzindo, assim, sua  taxa de perda de água  por  evaporação. 
 
  OBTENÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUA: Os  mecanismos  usados  pelos  anfíbios  para  obtenção  de  água  em  ambientes terrestres  têm  recebido  menor  atenção  do  que  os  mecanismos  utilizados  em  sua retenção. Devido à permeabilidade da pele, as espécies que vivem em hábitats aquáticos enfrentam  um  influxo  osmótico  contínuo  de  água  que  devem  equilibrar  através  da produção  de  urina.  Espécies  em  hábitats  áridos  raramente  encontram  água  no  estado líquido em quantidade suficiente para beber em um determinado local e, caso encontrem
uma  poça,  podem  absorver  rapidamente  a  água  necessária  através  da  pele.  As adaptações  impressionantes  dos  anfíbios  terrestres  são  aquelas  que  facilitam  a reidratação  a  partir  de  fontes  limitadas  de  água. Uma  dessas  adaptações  é  a mancha
pélvica,  que  consiste  em  uma  área  da  pele  altamente  vascularizada  na  região  pélvica, responsável  por  grande  parte  da  absorção  cutânea  de  água  nos  anuros.  Sapos desidratados  e  imersos  completamente  na  água  reidratam-se  apenas  um  pouco  mais rapidamente  do que  aqueles  colocados  na  água  a  uma  profundidade  apenas  suficiente para  molhar  a  área  pélvica.  Em  regiões áridas,  a  água  freqüentemente  está disponível  como  uma  leve  umidade  sobre as  rochas  ou  no  solo,  podendo  ser absorvida através da mancha.

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